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Existem inimigos do gorgulho-do-eucalipto que defendam o eucaliptal em Portugal?
Existem inimigos do gorgulho-do-eucalipto que defendam o eucaliptal em Portugal?
A introdução de inimigos naturais com a finalidade de reduzir as populações de pragas denomina-se por controlo biológico clássico, e segue uma série de passos legais e cuidados, nomeadamente a realização de estudos de risco-benefício antes da libertação em campo e a monitorização dos seus efeitos na natureza, garantindo que as espécies nativas não são afetadas.
O primeiro inimigo natural do gorgulho-do-eucalipto a surgir em Portugal foi o parasitóide Anaphes nitens. Este inseto foi introduzido no Norte de Espanha em 1994, tendo-se dispersado naturalmente para Portugal. Para acelerar a sua dispersão no território, foram realizadas largadas de A. nitens em campo, entre 1997 e 2000. Este parasitóide, com cerca de 1 mm de comprimento, destrói os ovos do gorgulho e com isso reduz a sua população. Apesar do enorme sucesso obtido com este inimigo natural na maioria do país, em algumas regiões de maior altitude no Norte e Centro de Portugal, a sua eficácia é, porém, baixa.
O controlo biológico com A. nitens tem sido a principal medida de controlo da praga, a nível mundial. Os resultados de uma análise económica conduzida em Portugal mostraram que, caso A. nitens não existisse, as perdas causadas pelo gorgulho seriam pelo menos quatro vezes superiores às existentes.
No sentido de complementar a atividade de A. nitens, desde 2012 têm sido realizadas libertações do inseto Anaphes inexpectatus, em várias regiões do País. No âmbito do projeto FITOGLOBULUS, foram realizadas libertações deste inseto em 2019 em dois locais: Sever do Vouga e Pampilhosa da Serra. A monitorização que tem vindo a ser realizada em campo mostra que este inimigo natural já está estabelecido em Portugal, mas o seu impacte no controlo da praga é ainda reduzido.
Outros inimigos naturais estão a ser estudados em laboratório, com especial destaque para a espécie Anagonia cf. lasiophthalma, um inseto que parasita as larvas do gorgulho. Os estudos realizados até ao momento sugerem que este inseto tem elevado potencial como agente de controlo biológico.
O Grupo Operacional FITOGLOBULUS, liderado pela FORESTIS, apoia os estudos que estão a ser realizados com A. inexpectatus e com A. cf. lasiophthalma. Estes trabalhos estão a ser desenvolvidos pelo RAIZ - Instituto de investigação da Floresta e do Papel, com o apoio do Instituto Superior de Agronomia (ISA).